Zabé da Loca

Tornou-se conhecida como Zabé da Loca quando
morou por 25 anos numa loca (gruta). Retirou-se do sertão pernambucano para a
Paraíba ainda menina. Conheceu logo o trabalho rural, sem chances de freqüentar
a escola. Aos sete anos aprendeu a tocar "pife" com o irmão
Aristides, do qual, já adulta, não soube mais o paradeiro. Dos 15 irmãos, Zabé
viu morrer oito, de fome, sede e doença. Passou a vida entre o trabalho com a
enxada e o ofício do pífano. De aparência frágil, com 1 metro e meio de altura,
olhos azuis e rosto, desde cedo, marcado pelo trabalho ao solo, teve que
conviver com o assédio dos donos das fazendas em que trabalhou quando jovem.
Por conta desta situação, engravidou e deu a luz a uma menina. Mais tarde,
encontrou seu companheiro, Delmiro, de quem mais tarde ficou viúva, e com quem
teve dois filhos. Com grandes dificuldades de ordem financeira, ao ter sua casa
desmoronada, Zabé foi morar com a família sob duas pedras na Serra do Tungão,
permanecendo lá por 25 anos. Precisando trabalhar na roça, e não tendo com quem
deixar as crianças, cavava buracos no chão, sob as sombras da árvores,
cobrindo-os com trapos, para que ficassem ali protegidas até o fim de sua
jornada de trabalho. Em 2003, passou a morar no assentamento Santa Catarina,
município de Monteiro, sertão do Cariri na Paraíba, distante 322 quilômetros de
João Pessoa. A loca de Zabé continua intocável e deve se transformar num ponto
de visitação turística e de preservação cultural.
Em setembro de 2007, aos 83 anos, gravou o CD
"Bom todo", pelo selo Crioula Records, com direção artística de
Carlos Malta. O trabalho exibe faixas em que Zabé comprova sua consistência
como instrumentista, através do virtuosismo com que executa seu
"pífe" (pífano) em peças como "Balaio de onça", de Carlos
Malta; o xote "Sala de reboco", de Luiz Gonzaga"; a ciranda
"Sai de casa", o coco "Limoeiro" e o baião
"Caboré", de sua autoria, além de "Queima" e "Vai
minininho", parceria com Beiçola, músico de mãos tortas, falecido em 2006,
logo depois das primeiras gravações, e com quem Zabé interpreta os clarins
marciais do Hino Nacional Brasileiro. O CD "Bom Todo" foi lançado em
2008, no SESC Pompéia, São Paulo. Ainda em 2008, apresentou-se em show no
Planetário da Gávea (RJ), dentro da série "Música nas estrelas",
tocando juntamente com seu produtor, o multissopros Carlos Malta. Também em
2008, foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura.
Em 2009, aos 85 anos, Zabé da Loca, ganhou o Prêmio da Música Brasileira, categoria
Revelação, pelo CD "Bom Todo", no Canecão, Rio de Janeiro,
emocionando a platéia, que a aplaudiu efusivamente de pé.
Assista o Filme O mundo encantado de ZABÉ
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